sábado, 12 de maio de 2012

Obesidade Mental!

Somos o que comemos e também o que pensamos!!

O prof. Andrew Oitke publicou o seu polêmico livro "Mental Obesity".
Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu  este conceito de obesidade mental para descrever o que considerava o  pior problema da sociedade moderna.
Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada. Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo
da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.
Segundo o autor, a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono.
As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo mas não conhecem nada.
Os cozinheiros desta magna fast food intelectual são os jornalistas comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema. Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do
espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.
O problema central está na família e na escola. Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam  que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados,  videojogos e telenovelas. Com uma alimentação intelectual tão carregada  de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens  nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.

Um dos capítulos mais polêmicos e contundentes da obra, intitulado Os Abutres, afirma: O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenasseduzir, agredir e manipular. O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polêmico e chocante. Só a parte morta e apodrecida da realidade é  que chega aos jornais.
Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura. O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades :
Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
Todos dizem que a Capela Sistina tem teto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve.
Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto.
As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras. Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esqueccida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia.
Floresce a  pornografia, o cabotinismo a imitação, a sensaboria, o egoísmo. Não se trata de uma decadência, uma idade das trevas ou o fim da civilização, como tantos apregoam. É só uma questão de obesidade. O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de dieta mental.

Nenhum comentário:

Postar um comentário